
A luz natural vai além de clarear um espaço, mas de compreender como a trajetória do sol ao longo do dia influencia diretamente no conforto térmico, percepção visual, e funcionalidade de um lugar.
Os arquitetos Mariana Meneghisso e Alexandre Pasquotto afirma que ignorar o sol em um projeto pode provocar ambientes escuros ou excessivamente quentes.
“Nós acreditamos que a atmosfera de uma casa é definida por meio da luz que nela adentra. Conhecer seu direcionamento nos permite tomar decisões como a distribuição dos ambientes na planta, a escolha dos materiais e sistemas de sombreamento”, revela os profissionais.
Na arquitetura de interiores, a luz solar é uma aliada para a concepção de ambientes que promovam saúde e qualidade de vida. De acordo com os arquitetos, locais bem iluminados durante o dia contribuem para uma rotina mais equilibrada e ativa, enquanto espaços escuros e mal iluminados tendem a provocar fadiga, irritabilidade e perda de produtividade.
Mas como aplicar a luz no projeto de arquitetura?
Os arquitetos afirmam que a primeira etapa é a análise da posição solar. Por exemplo, se o sol nasce a Leste, se põe a Oeste e percorre o Norte, as fachadas voltadas ao Norte receberão maior exposição durante todo o dia.
Assim, ambientes voltados ao Leste, como quartos e home offices, devem se beneficiar da luz suave da manhã, enquanto varandas e espaços de convivência posicionados ao Norte precisam de uma iluminação mais abundante e estável.
Por outro lado, áreas voltadas ao Oeste recebem o sol da tarde, mais quente e intenso, exigindo proteção específica. As salas costumam se dar bem com esse posicionamento e são propícias para receberem a luz dourada do entardecer, também conhecida como Golden Hour.
Como a luz solar não se distribui igualmente pela casa e cada cômodo responde de forma diferente à iluminação. Confira a iluminação especifica para cada cômodo:
Cozinhas: são ambientes que pedem boa ventilação e luz abundante, especialmente pela manhã.
Livings, salas de estar e TV: a presença do sol é benéfica para destacar texturas naturais, painéis e obras de arte.
Dormitórios: orientação Leste é a mais indicada para um despertar orgânico e melhor regulagem do sono.
Banheiros: aproveitar as condições naturais para promover a ventilação cruzada e controle de umidade.
Áreas externas: podem receber o sol pleno, desde que ofertem pontos de apoio para o conforto térmico.
E o sol da tarde?
O sol da tarde interfere no aumento do uso de ar-condicionado e o desgaste precoce de materiais como estofados, madeira e papel de parede.
Para contornar esses efeitos, os arquitetos sugerem soluções de sombreamento e controle solar como:
Cortinas e persianas: modelos blackout ou de tela solar reduzem a entrada de calor;
Toldos instalados em áreas externas bloqueiam a incidência direta do sol e os brises, nos ambientes internos, para a regulagem ao longo do dia;
Tintas refletivas: refletem os raios solares, diminuindo a absorção de calor;
Ventilação cruzada: a abertura de janelas em lados opostos da casa permite a circulação do ar, refrescando os ambientes;
Vegetação estratégica: espécies de árvores como o Ipê-Mirim ou Ficus Lyrata, quando plantadas próximas às fachadas, proporcionam sombra no verão e a entrada de luz no inverno.
E quando o sol não chega?
Em apartamentos em andares baixos ou terrenos com grandes construções, impedindo a entrada da luz solar, a arquitetura de interiores precisa compensar essa ausência com soluções que ajudem a trazer mais luminosidade e bem-estar.
A combinação de cores claras, revestimentos reflexivos, espelhos bem posicionados e iluminação artificial com temperatura de cor semelhante à luz do dia cooperam na manutenção de espaços agradáveis.
Outras opções como clarabóias, aberturas laterais e painéis translúcidos também podem ser considerados nos projetos de arquitetura.
Excesso de sol
Embora a luz natural seja desejável, seu excesso prejudica a funcionalidade dos espaços. Por isso, é preciso prever formas de controlar a intensidade.
Entre as soluções de sombreamento mais comuns, estão o uso de vidros especiais com controle térmico e a composição de uma vegetação de folhas largas e cativas do sol. O emprego de elementos vazados, como cobogós e muxarabis, também auxiliam no sombreamento sem bloquear totalmente a entrada de luz.