Foto: Luis Gomes
Imagine entrar em um edifício e ser recebido por um hall acolhedor, bem iluminado, com revestimentos sofisticados e um aroma agradável no ar. A sensação de estar em casa começa, ali, nas áreas comuns que, mais do que nunca, têm se firmado como espaços de convivência, relaxamento, conexão e pertencimento.
Para as arquitetas Danielle Dantas e Paula Passos, à frente da Dantas & Passos Arquitetura, investir no projeto dessas áreas é investir em bem-estar e qualidade de vida. “As áreas comuns vão além da sua função original de acolher os moradores e passaram a promover encontros e contribuir diretamente para a valorização do imóvel”, afirmam.
Ambientes indispensáveis nos novos empreendimentos
Nas décadas passadas, as áreas comuns dos edifícios se restringiam, na maioria das vezes, a espaços básicos e pouco integrados à rotina dos condôminos. Era comum encontrar apenas uma lavanderia coletiva no subsolo, um pequeno salão de festas, ou um parquinho com jardim simples. Ambientes que não eram projetados com foco no convívio social. Mas hoje, o cenário é completamente diferente.
O mobiliário nas áreas comuns pode reforçar o estilo do edifício, do clássico ao contemporâneo | Projeto Dantas & Passos Arquitetura | Foto: Luis Gomes
Com as transformações no modo de viver e trabalhar, algumas áreas comuns passaram a ser consideradas fundamentais nos projetos contemporâneos. Os empreendimentos passaram a enxergar as áreas comuns como verdadeiras extensões da casa e espelhos do estilo de vida dos moradores. “Os projetos atuais valorizam cada metro quadrado compartilhado, oferecendo estruturas completas que atendem desde momentos de lazer até a rotina de trabalho remoto”, afirma Danielle Dantas.
Entre os espaços que se tornaram vitais, a dupla de arquitetas destaca:
- Salão de festas com espaço gourmet. Pensado para acomodar com conforto desde aniversários íntimos até confraternizações maiores;
- Piscina, quadras, academia e áreas verdes. A saúde e o bem-estar físico e emocional são questões que estão em voga na sociedade;
- Brinquedoteca e playground. Com atenção especial à segurança e estímulo à criatividade das crianças;
- Coworking ou salas de estudo. São as novas demandas do home office e do ensino a distância;
- Hall de entrada social. Clássico para uma boa primeira impressão e serve como espaço de espera confortável para visitantes.
“Elas deixaram de ser áreas de apoio para se tornarem espaços de encontro, convivência e funcionalidade. Por isso, precisam ser pensadas com o mesmo cuidado que dedicamos aos interiores das unidades”, completa Paula Passos.
Conforto para todos
Na brinquedoteca, o ideal é investir em soluções lúdicas, coloridas e com foco no desenvolvimento sensorial | Projeto Dantas & Passos Arquitetura | Foto: Luis Gomes
Um desafio dos projetos de áreas comuns é garantir que todos os moradores, independentemente da idade ou condição física, se sintam bem-vindos e confortáveis. Para isso, as arquitetas apostaram em soluções que vão além da estética e se focam na acessibilidade.
“Espaços adaptados para pessoas com deficiência são indispensáveis. Quando projetamos pensando na inclusão, garantimos que todos possam usufruir plenamente da estrutura do prédio. No geral, uma boa iluminação, móveis confortáveis e escolha de tons neutros que agradam a diversos gostos e a criação de áreas verdes são fundamentais”, ressalta Paula.
Além disso, os projetos mais atuais buscam unir conforto e beleza com a responsabilidade ambiental. Segundo Danielle e Paula, há diversas práticas sustentáveis que podem e devem ser incorporadas às áreas comuns dos edifícios, como:
- Iluminação com lâmpadas de LED;
- Sistemas de energia solar;
- Captação e reaproveitamento de água da chuva para irrigação de jardins e limpeza;
- Coleta seletiva facilitada;
- Jardins verticais e áreas verdes integradas.
“Quando o condomínio adota soluções sustentáveis, ele não só contribui com o meio ambiente, mas também atrai moradores que valorizam esse tipo de iniciativa. É um investimento inteligente e necessário”, avaliam.
Hall social como cartão de visitas
Iluminação planejada no hall precisa de pontos de destaque e regulagens para diferentes efeitos | Projeto Dantas & Passos Arquitetura | Foto: Luis Gomes
O hall de entrada de um edifício é o cartão de visitas do prédio, o primeiro contato que os moradores e visitantes têm. Danielle enfatiza que o hall precisa transmitir acolhimento e sofisticação ao mesmo tempo.
“Para isso, podemos utilizar alguns recursos práticos como espelhos, para ampliar o espaço; revestimentos de qualidade, já que é uma área de alto tráfego; obras de arte para trazer exclusividade”, reforça.
Salão de festas
Detalhes como aromatização e arte nas paredes tornam a experiência nos ambientes coletivos mais agradável | Projeto Dantas & Passos Arquitetura | Foto: Luis Gomes
Entre as áreas comuns mais valorizadas, o salão de festas possui um lugar de destaque. E, para funcionar bem tanto em eventos grandes quanto em reuniões menores, alguns cuidados são fundamentais.
“As dimensões devem ser generosas, mas o espaço também precisa ser flexível, com móveis versáteis e fáceis de limpar. A iluminação deve ser ajustável, e a cozinha bem equipada é essencial”, destacam. Danielle e Paula recomendam ainda a inclusão de um espaço externo coberto, que possa servir de apoio para buffets ou montagem de equipamentos adicionais.
Outro ponto importante é a infraestrutura audiovisual. “Equipamentos de som e TV são bem-vindos para dar suporte a diferentes tipos de eventos”, acrescentam.
Sala de TV e coworking
A sala de TV compartilhada já foi mais comum nos prédios, mas hoje nem tanto. Fora que exige uma avaliação cuidadosa. “Nem sempre funciona bem, principalmente por conta dos diferentes gostos dos moradores. Mas, quando bem organizada, com uma programação democrática, pode ser um ponto positivo para socialização”, analisam as profissionais da Dantas & Passos Arquitetura.
Tela grande, iluminação dimerizável e climatização adequada elevam o conforto da sala de TV do prédio ao nível de um home theater | Projeto Dantas & Passos Arquitetura | Foto: Luis Gomes
Por outro lado, os espaços de coworking têm ganhado destaque. “Com a popularização do trabalho remoto, esses ambientes se tornaram uma necessidade. Mesmo edifícios que não contem com uma área específica para coworking podem buscar soluções criativas para oferecer esse tipo de espaço”, explicam.
Por fim, as arquitetas ressaltam que nenhum projeto de área comum será realmente eficaz se não considerar as necessidades reais dos usuários. Por isso, sugerem que síndicos e incorporadoras invistam em escutar os moradores, tanto na fase de projeto quanto ao longo da vida útil do edifício.